Levantamento planialtimétrico: tudo o que você precisa saber

Andrei Campos - Gerente de Projetos, Maply
June 14, 2023

O levantamento planialtimétrico é uma etapa essencial de uma obra. Por meio dele, é possível detalhar as características superficiais de um terreno e gerar uma representação gráfica das propriedades de uma área, a exemplo da planta topográfica – elemento também essencial em projetos de engenharia.

Em resumo, ele une dois tipos de estudo: o altimétrico, que compreende o relevo, com suas declividades e diferenças de nível; e o planimétrico, que se relaciona às dimensões horizontais.

Quer saber mais sobre o levantamento planialtimétrico? Então, continue conosco! Boa leitura! 

O que é um levantamento planialtimétrico? 

A norma brasileira NBR 13133 estabelece uma série de definições em relação ao levantamento planialtimétrico, determinando também os parâmetros para sua adequada realização. 

De acordo com a norma, o levantamento planimétrico compreende “os limites e confrontações de uma propriedade pela determinação de seu perímetro, incluindo, quando houver, o alinhamento da via ou logradouro com o qual faça frente”, entre outros elementos.

Já o levantamento altimétrico tem como objetivo “a determinação das alturas relativas a uma superfície de referência, dos pontos de apoio e/ou dos pontos de detalhes, pressupondo-se o conhecimento de suas posições planimétricas, visando à representação altimétrica da superfície levantada”.

Ou seja, o estudo planialtimétrico permite a descrição pormenorizada das propriedades fundamentais de uma superfície, como seus limites, perímetro, acidentes geográficos, dimensões horizontais, ângulos e diferenças de nível.

Elementos que estão sobre a superfície também compõem o estudo, incluindo vegetação, rios e componentes da malha urbana, como postes e bocas de lobo. 

A importância do levantamento planialtimétrico

Os estudos planialtimétricos são fundamentais para que se conheçam em detalhes as características da superfície de determinado terreno, sendo etapa básica do processo de implantação de empreendimentos construtivos. 

É a planialtimetria que vai definir diversos elementos da obra, como nivelamento do terreno, o local de implantação dos pilares da fundação, a definição do esquadro e o alinhamento do perímetro.

Estudos malfeitos ou insuficientes podem gerar inconsistências graves na planta topográfica, acarretando inconformidades significativas no projeto de implantação. Os imprevistos na hora da execução podem envolver questões arquitetônicas, dimensões das fundações e problemas logísticos.

Além disso, os estudos planialtimétricos geralmente são requisito obrigatório do ponto de vista legal. A maioria das prefeituras exige sua realização antes de aprovar a implantação de novos empreendimentos.

Um bom estudo inclui não apenas as propriedades físicas do terreno, mas detalha em pormenores tudo o que existe sobre ele, como: 

  • posição e dimensões das árvores; 
  • localização de cursos d’água; 
  • perímetro de áreas de preservação permanente (APP); 
  • localização de elementos da rede urbana, como postes de eletricidade, passeios públicos, bueiros; 
  • definição dos muros de limite; 
  • determinação do norte.

Coleta de dados

Antes de tudo, é importante entender que o levantamento planialtimétrico ocorre em duas fases: 

  1. Coleta de dados, ou seja, a medição de campo propriamente dita.
  2. Representação gráfica, em que o resultado pode ser, por exemplo, uma planta topográfica.

A medição de campo, etapa central do estudo planialtimétrico, tem sofrido rápidas transformações nas últimas décadas. Inicialmente, o instrumento básico da coleta de dados era o teodolito, operado por um agrimensor e um ajudante, que carregava o prisma. 

Os teodolitos têm operação manual, exigindo do profissional a anotação de todas as dimensões e ângulos aferidos, que depois servirão de base para os cálculos requeridos. O processo era marcado pela lentidão na coleta de informações e no seu processamento posterior. 

As estações totais, criadas posteriormente, permitiram automatizar partes do processo de medição. São equipamentos eletrônicos que funcionam com feixe de laser e podem até mesmo dispensar o prisma em algumas situações. Elas elevaram a confiabilidade dos dados e conferiram ganhos de produtividade aos profissionais da agrimensura.

O salto tecnológico seguinte foi a tecnologia GNSS (Global Navigation Satellite System, ou seja, Sistema de Navegação Global por Satélite), que utiliza um conjunto de satélites e equipamentos em terra para determinar a localização geográfica e o posicionamento preciso de qualquer ponto na superfície terrestre. 

Um dos tipos de GNSS é o tradicional GPS (Global Positioning System), que passou a permitir que um único profissional agrimensor coletasse milhares de dados durante uma jornada de trabalho.

As tecnologias GNSS exigem metodologias de correção do posicionamento, de forma a garantir maior acurácia aos dados planialtimétricos levantados durante a coleta. Há duas principais: a RTK (Real Time Kinematic) e a PPK (Post Processed Kinematic).

A metodologia RTK faz correções no posicionamento em tempo real, ou seja, durante a própria coleta de dados. Já a metodologia PPK compreende a correção pós-processamento dos dados. 

Nos últimos anos, outra tecnologia inovadora passou a ser empregada nos levantamentos planialtimétricos, os drones. Além de permitirem detalhamento amplo de informações sobre a superfície, os drones também baratearam os custos gerais envolvidos no estudo. 

Tecnologias e tendências

Os drones possibilitaram a redução drástica dos custos dos equipamentos, especialmente se considerarmos que eles substituem as aeronaves tripuladas que eram eventualmente utilizadas para estudos topográficos (em grandes áreas, via de regra, uma vez que os custos envolvidos eram altos).

Com operação simples, os drones passaram a exigir equipes muito menores em campo. Ao mesmo tempo, eles permitem a coleta de informações muito mais veloz do que as tecnologias anteriores.

Atualmente, os drones apresentam acurácia centimétrica, ou seja, possibilitam pequenos desvios de alguns centímetros nas medições. Isso faz com que o resultado seja um pouco menos exato do que o gerado pelas outras metodologias, que permitem acurácia milimétrica.

Por isso, é comum que empresas e profissionais combinem os drones com as tecnologias GNSS, de modo que as metodologias de correção de posicionamento, seja em tempo real, seja em pós-processamento, atribuam às imagens geradas pelos drones a mesma acurácia milimétrica que elas propiciam. 

Não podemos esquecer que a evolução tecnológica não para, de maneira que tais soluções combinadas se tornarão mais e mais comuns no futuro próximo. Assim, o resultado é que a qualidade das informações geradas pelos drones certamente vai continuar crescendo ininterruptamente ao longo dos próximos anos.

Devido à velocidade dos levantamentos de dados com drones, mais e mais empresas têm optado por eles na hora de realizar estudos planialtimétricos, de maneira que eles já se tornaram ferramentas usuais na indústria da construção civil.

Vantagens e benefícios

A coleta de informações utilizando drones é muito mais eficiente do que no caso das tecnologias em terra. Especialmente se forem dotados de câmeras de alta resolução, os drones propiciam uma riqueza de dados inigualável com suas imagens. Cada ponto de definição da imagem corresponde, na prática, a um ponto de coordenada conhecido no terreno analisado.

Além disso, um único operador – ainda que seja um piloto iniciante – pode fazer um voo produtivo e coletar todas as informações necessárias para gerar a representação gráfica requerida, bastando o suporte de um aplicativo eficiente de planejamento de voo, captura e monitoramento. Diferentes modelos de drones são compatíveis e podem render dados valiosos.

O custo do levantamento planialtimétrico com drone é muito mais baixo do que com métodos convencionais, sobretudo porque se trata, em geral, de equipamento de baixo custo e operado por um único profissional, de modo que a equipe de campo pode ser muito reduzida.

A rapidez com que os drones operam na aquisição das informações planialtimétricas também é um fator essencial, uma vez que os estágios preliminares de implantação de um empreendimento tendem a ser custosos. Concluindo-se mais aceleradamente a fase de estudos, a execução pode ser antecipada, o que gera ganhos indiretos ao empreendedor e ao construtor. 


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